sábado, 17 de setembro de 2011

O Crime - Parte 2: o desfecho

O detetive Juarez estava em uma mesa ao fundo do bar e aguardava a chegada de seu colega Gonçalo que há duas semanas havia lhe pedido ajuda em um caso. Depois de analisar todos os depoimentos, estava certo de que não havia dúvidas quanto ao assassino de Julio Bittencourt, o homem encontrado morto em sua cama após ter sido atingido por uma réplica em bronze da Torre Eiffel, medindo 70 cm.

Ele fechou os olhos e repensou sobre tudo o que havia lido do caso nas últimas duas semanas.

- E então, chegou a alguma conclusão?

Juarez abriu os olhos e viu o detetive Gonçalo de pé, ao lado da mesa. As olheiras profundas indicavam que não dormia há dias.

- E aí, meu chapa? Sente-se, vamos tomar uma cerveja!

Depois de servidos, brindaram à profissão e foram direto ao motivo do encontro.

- O negócio é o seguinte, Gonçalo, não sei o que você pensa, mas acho que só há uma pessoa a quem você pode acusar e pedir a prisão preventiva. – o detetive Juarez bateu o fundo de sua long neck na mesa.
- Tenho certeza de que você percebeu a mesma falha que eu em um dos depoimentos. – disse Gonçalo esperançoso.
- A ex-esposa ficou quase quatro horas no salão... – Juarez iniciou a falar.
- Tempo demais não? – Gonçalo sorriu.
- Sim, como elas conseguem? – Juarez perguntou com visível sinceridade.
- Não sei, mas minha esposa e minha filha nunca ficam menos do que isso. – Gonçalo balançou a cabeça negativamente.
- E lá em casa, então? Se eu somar todo o tempo que minha mulher e minhas duas gurias passam dentro de um salão de beleza, acho que dá mais do que o tempo que eu passo no Departamento! – Juarez deu uma risada sofrida.
- Nada inverossímel o depoimento da ex-mulher. – Gonçalo concluiu.
- De forma alguma! – Juarez atestou. – Eu estranharia se ela tivesse dito que só tinha ficado uma hora lá.
- Já o namorado... – Gonçalo não continuou.
- Você foi mesmo obrigado a ouvir os detalhes? – Juarez perguntou com deboche.
- Ah, melhor pular esse suspeito, não foi ele mesmo.
- Você está certo. Com a passionalidade desse cara, ele teria caído em prantos de culpa. – Juarez falou lembrando do depoimento que leu.
- Então, ficamos com os dois mentirosos. Qual a sua impressão de cada um? – Gonçalo encarou o colega.
- Dois caras de pau! – sentenciou Juarez.
- Você reparou que nem a ex-mulher, nem o namorado mencionaram ter encontrado a empregada na casa?
- É claro que não encontraram! Você já viu alguma empregada que, na ausência do patrão, chegue cedo e vá embora tarde? – Juarez gargalhou em alto e bom som.
- Tô pagando pra ver! Na hora do crime essa mulher já estava em casa há muito tempo! – Gonçalo bateu com a palma da mão na mesa e acompanhou o colega na gargalhada.
- Então, vamos pegar o outro cara de pau! – declarou Juarez.
- Vamos! – concordou Gonçalo e virando-se para trás gritou: - Ô meu camarada, fecha a conta!

Quatro horas depois, o detetive Gonçalo, acompanhado do detetive Juarez e mais três policiais armados, chegava à Taquara, na residência de Jorge Fraga, o sócio da vítima.

(Pancadas na porta).

- Senhor, abra a porta, é a polícia!

Segundos depois, Jorge Fraga abria a porta trajando apenas uma cueca samba canção e com ar sonolento.

- Pois não, polícia? Mas o quê...?

O homem não teve tempo de concluir a frase. Imediatamente (mas de forma gentil), ele foi imobilizado e algemado com as mãos às costas.

- O senhor está preso! Acusado pelo assassinato de seu sócio Júlio Bittencourt. – Gonçalo informou mostrando a ordem de prisão que tinha em mãos.
- Como assim? – protestou Jorge Fraga. – baseado em quê o senhor está me prendendo?

Gonçalo e Juarez trocaram olhares, mas foi este último quem disse:

- Baseado em seu depoimento utópico meu amigo. Fala sério! Onde já se viu sair da Zona Sul, ir ao Recreio, esperar uma pessoa por quarenta minutos e às 22h estar na Taquara, de banho tomado e vendo televisão? – nessa hora detetives e policiais riram juntos. – Nem que você estivesse com o carro da polícia e a sirene ligada! No trânsito do Rio? Só se fosse de helicóptero! Vai mentir lá no xilindró, ‘simbora’ cara de pau!

3 comentários:

Cristiane Lira disse...

Eis o desfecho do crime...

Arnaldo Andrade disse...

Fraco....rs....hahahahahaha

Cristiane Lira disse...

Ah, estava esperando um desfecho de Arthur Conan Doyle? Sou novata rapaz, hahahaha. Pelo menos, valeu a participação! Bjuuuuuuuuuuuu