Clodoaldo, pai de Omar, tinha 17 anos quando começou a namorar Maria. Nessa época, a doce menina tinha 15 anos e Clodoaldo já era pescador experiente no barco do pai, seu Argemiro.
O pai de Maria, seu Poliano, também era pescador e as famílias eram muito amigas. Todos os dias, enquanto os homens estavam no mar, dona Regina e dona Matilde, as mães de Clodoaldo e Maria, respectivamente, passavam o dia fazendo rendas, ofício no qual Maria já demonstrava talento.
Ao completar 18 anos, Clodoaldo se casou com Maria e, juntos, começaram uma nova família. Não demorou muito para que a moça apresentasse os sintomas da primeira gravidez, dando à luz a um saudável menino. Sendo o casal muito jovem, as famílias tentaram interferir no nome da criança, mas Clodoaldo e Maria foram inflexíveis aos apelos dos pais e decidiram que eles mesmos escolheriam o nome. Uma semana depois de nascido o bebê, Clodoaldo registrou o moleque como Marialdo, a junção de seus nomes, já que ele era fruto do amor do casal.
Passado um tempo, Maria engravidou pela segunda vez e, antes que a criança nascesse, dona Regina veio a falecer, vítima de uma pneumonia não tratada. Entre a tristeza da morte da mãe e a alegria de uma nova vida sendo gerada no ventre de Maria, Clodoaldo decidiu que homenagearia dona Regina, dando parte de seu nome ao próximo filho. E, assim, nasceu Reginaldo, saudável como o irmão.
Os meninos já estavam na escola quando Maria sentiu, pela terceira vez, os seios inchados e doloridos, e percebeu que a regra já não vinha há dois meses. Dessa vez, a barriga ficara maior do que as anteriores, pré-anunciando que a prole iria dobrar. Aos sete meses de gravidez, a bolsa estourou e, com ajuda de dona Matilde, Maria colocou nesse mundão de Deus, um casal de gêmeos, Clotilde e Clodomiro, este último em homenagem ao pai Argemiro.
Quando Maria soube o nome que o marido havia dado aos filhos ficou chateada, pois, apesar dele ter homenageado dona Matilde também, o nome dele prevaleceu nas crianças, enquanto o dela foi esquecido totalmente.
Os anos se passaram e Maria nunca perdoou Clodoaldo pela desfeita, aliás, nem seu Poliano perdoou, afinal, ele foi o único que não teve o prazer de ter parte de seu nome na certidão de um neto. Mas o destino foi bondoso com o casal e, aos 40 anos, Maria engravidou pela quarta e última vez. Nasceu um menino.
Eis, agora, o grande sofrimento de Clodoaldo. Isso aconteceu há 42 anos atrás. Maria já faleceu e ele está com 84 anos, entre a vida e a morte. Deitado em seu leito, rodeado pelos filhos e netos, Clodoaldo segura a mão de seu caçula, o único que não seguiu o ofício de pescador. Estudou mais do que os irmãos e virou professor. Mudou-se para a Capital e há anos que não visitava a família. Ele olha Clodoaldo imaginando que seu ar de sofrimento é devido à dor, mas não é. Clodoaldo, por mais que se esforce, não lembra o nome do filho... e agora? Está prestes a dar o último suspiro, mas não dá. A única coisa que o mantém vivo é a determinação em lembrar o nome do rebento. - Ah, Maria, se você estivesse aqui, com certeza lembraria! – Clodoaldo vira o rosto e olha pela janela, e enquanto admira o seu último pôr-do-sol, ele sorri satisfeito. – É isso! – Volta os olhos para o filho já grisalho e o chama pelo nome para, em seguida, fechar os olhos de vez.
E você, leitor, saberia dizer qual é o nome do quinto filho de Maria e Clodoaldo?
10 comentários:
É certo que a idade deixa nossa mente cansada e esquecemos até o que é importante ser lembrado. Você é capaz de matar essa charada e ajudar Clodoaldo a lembrar o inesquecível?
Ah, retirei a postagem provisoriamente, ela continha spoiler, rsrsrsrs.
Depois eu reponho, Helô! Valeu!
Ok. Tá tranquilo. Bjs
Só vou liberar o texto de vocês na próxima postagem! Pelas respostas que estou recebendo por e-mail, tá lá e cá...
Bem, o Célio também acertou, mas eu apaguei o comentário todo sem querer... Ao todo foram três sim e dois não.
Alguns disseram Mariano... mas Helô, Meu lado cozinha e Célio estavam atentos e perceberam a pegadinha na 1ª linha do texto. O nome do 5º filho de Clodoaldo e Maria é Omar. Infelizmente, seu Poliano continuou sem a homenagem. Beijos e obrigada a todos que postaram ou enviaram os palpites por e-mail!
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